Devocional

Mensagens de amor

Membro do Primeiro Quórum dos Setenta

14 de fevereiro de 2012

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Sempre que buscamos com sinceridade e nos mantemos dignos, nosso Pai Eterno se comunica conosco por meio de revelação — essas mensagens vêm em momentos reflexivos de oração, por meio das palavras e do esclarecimento das escrituras, dos ensinamentos dos profetas ou das melodias pacíficas da música celestial. Suas mensagens são muitas vezes sutis, e todos sabemos que podemos ignorá-las se não estivermos prontos para recebê-las.




Pretendemos modificar a tradução se for necessário. Para dar sugestões, envie um e-mail para: [email protected]

Feliz Dia dos Namorados! [Nota do tradutor: esta data é celebrada no dia 14 de fevereiro nos EUA.] Este é um dia em que celebramos o amor. Pensamos em cartas de amor e corações, rosas e chocolates. Hoje, muitos esperam receber uma mensagem de alguém que amam, e alguns planejam enviar uma mensagem a alguém que amam. Espero que não se desapontem.

Meus pais me amavam profundamente — disso eu não tinha dúvida. Mas, quando eu tinha 10 anos, tive que frequentar um internato na Inglaterra enquanto meus pais continuavam a morar a milhares de quilômetros de distância, na Arábia Saudita. A separação foi uma grande ruptura para mim.

Durante o longo voo para a Inglaterra, lembro-me de sentir um enjoo no estômago ao deixar para trás o calor e o sol da Arábia, voar por quilômetros e descer por várias camadas de nuvens até o cenário frio e cinzento do Aeroporto de Heathrow, em Londres. As gotículas de chuva batiam na janela do avião, e eu me senti muito, muito longe de casa.

Cheguei à escola com meu uniforme de bermuda cinza, suéter, gravata e chapéu, arrastando meu grande baú verde com meus pertences. A solidão era avassaladora.

Eu dormia em um dormitório com cerca de 15 outros meninos. Foi uma experiência muito estranha, com camas de metal frágeis e ocasionais guerras de travesseiro. Todas as manhãs, depois de arrumar nossas camas, nós meninos éramos avaliados para ver se tínhamos feito um bom trabalho em arrumar nossas camas. Havia cheiros desconhecidos, comidas desconhecidas e professores muito desconhecidos. Meu professor de latim andava pela sala e cutucava nossas cabeças com a ponta de sua caneta esferográfica se não soubéssemos uma resposta. E eu era sempre cutucado.

Nos campos durante a educação física, em um raro dia claro, se um avião passasse alto no céu, deixando um rastro de vapor, eu observava seu trajeto para ver se poderia estar indo de volta para a Arábia – e sentia uma dor profunda caso de fato estivesse. Eu ansiava, de alguma forma, embarcar e voltar para casa e para meus pais.

A melhor parte de qualquer semana era durante a hora do café da manhã, quando o correio era entregue. Eu procurava ansiosamente pelo envelope azul do correio aéreo que minha mãe enviava fielmente toda semana. Enquanto os professores passavam pelas mesas com cartas para distribuir, eu literalmente ficava na beira do meu banco esperando para ver se uma era para mim. Em muitos sentidos, era como Hogwarts, mas sem as corujas e sem a magia.

As cartas de correio aéreo eram muitas vezes o ponto alto da minha semana, particularmente naqueles primeiros dias, quando minha solidão era mais intensa. Eu recebia cartas de casa com tanta felicidade e alívio. Esperava ficar sozinho para abri-las cuidadosamente e então lia atentamente as mensagens de amor, tranquilidade e conselho de meus pais. Absorvi cada linha e me senti, por aqueles momentos, mais perto de casa e mais perto do amor de meus pais, recebendo a coragem necessária para continuar por mais uma semana.

Há muitas coisas no curso natural da vida mortal que podem nos fazer sentir sozinhos e com medo, mesmo quando estamos cercados de pessoas, como eu estava no internato. E todos nós nos sentimos longe de casa às vezes. Na verdade, a maioria de vocês estão longe de casa enquanto estudam aqui na BYU. Talvez esta seja uma experiência relativamente nova e dolorosa para vocês e ainda estejam achando difícil se adaptar. A saudade de casa pode continuar a atormentá-los. Para outros, talvez vocês tenham ficado longe de casa há vários semestres, ou até mesmo vários anos, e estejam acostumados com isso. E, de fato, para alguns, talvez ficar longe de uma situação em que vocês lidavam com influências negativas e relacionamentos difíceis tenha sido uma coisa boa e lhes deu a chance de começar a se tornar a pessoa que vocês sabem que podem ser.

Não enviamos mais cartas via correio aéreo para manter contato com as pessoas em casa, pois o e-mail, os telefones celulares, o Facebook, o Skype e o Twitter substituíram as antigas cartas escritas. Mas as mensagens de casa, mensagens de amor, de consolo e de orientação, independentemente de como cheguem à sua porta ou à sua caixa de entrada, podem ter uma influência poderosa em mantê-los firmes ao longo de sua jornada enquanto estiverem longe de casa. Elas os lembram que são amados e estimados. Cartas, cartões, mensagens de texto, e-mails e ligações de nossos pais, irmãos, irmãs, avós, parentes e amigos ajudam muito quando enfrentamos desafios e adversidades longe do conforto do lar. Ainda recebo força e consolo após uma ligação com minha mãe que está na Inglaterra. Ela agora tem 90 anos.

É claro que, de muitas maneiras, estamos todos longe de casa. A metáfora aqui com nosso lar eterno é clara. Sabemos que fomos abençoados por estar na presença de nosso Pai Celestial, nosso Salvador, e de “muitas das nobres e grandes [inteligências]” (Abraão 3:22) em nossa existência pré-mortal. Sabemos que recebemos nossas “primeiras lições” (D&C 138:56) Deles e tivemos muitas oportunidades de “[escolher] o bem ou o mal” e de “[exercer] uma fé muito grande” (Alma 13:3). Sabemos que estamos aqui na Terra para “ver se [faremos] todas as coisas que o Senhor [nosso] Deus [nos] ordenar” (Abraão 3:25). Vocês já sentiram saudades de casa e ansiaram por seu lar eterno e pelo amor, pela afirmação, pela verdade pura e pela luz que sabemos que existem lá? Por acaso o nosso espírito não anseia por estar onde sabe que pertence, na presença de nosso Pai, “eternamente envolvido pelos braços de seu amor” (2 Néfi 1:15)?

Nosso Pai Eterno não deixou que qualquer um de nós saísse de casa, ou saísse da Sua presença, sem a oportunidade de acessar Seu amor e Sua orientação todos os dias de nossa vida. O presidente Henry B. Eyring nos assegura: “[O Pai] nos oferece, por meio da oração em nome de Seu Filho, a oportunidade de ter comunhão com Ele nesta vida, sempre que decidirmos fazê-lo (“Exorte-os a Orar“, Liahona, fevereiro de 2012, p. 4; grifo do autor). Às vezes, nos esquecemos disso. Às vezes duvidamos disso. Às vezes nos isolamos destas oportunidades. Mas Ele concedeu a todos a Luz de Cristo para nos capacitar a discernir o certo do errado, a luz das trevas, e a verdade do erro (ver Morôni 7:16). Ao respondermos repetidamente à Luz de Cristo e treinarmos a “[nos apegar] a tudo que é bom” (Morôni 7:19), aumentamos a nossa sensibilidade às coisas do Espírito e elevamos a nossa capacidade de receber as mensagens que vêm de nosso lar eterno. Sempre que buscamos com sinceridade e nos mantemos dignos, nosso Pai Eterno se comunica conosco por meio de revelação — essas mensagens vêm em momentos reflexivos de oração, por meio das palavras e do esclarecimento das escrituras, dos ensinamentos dos profetas ou das melodias pacíficas da música celestial. Suas mensagens são muitas vezes sutis, e todos sabemos que podemos ignorá-las se não estivermos prontos para recebê-las.

Na verdade, muitas vezes é porque estamos tão ocupados recebendo outras mensagens, que prejudicamos nossa capacidade de receber as tão necessárias mensagens de nosso lar eterno. Vivemos agora em um mundo em que muitas mensagens nos cercam e até mesmo nos bombardeiam. Nossos smartphones, computadores e tablets estão constantemente zumbindo, apitando e vibrando a cada novo texto, nova atualização de mídia social, novo e-mail e nova fotografia. É realmente uma mensagem instantânea e insistente.

Essa tecnologia extraordinária, é claro, pode fazer um bem enorme. Um exemplo disso é como a gloriosa mensagem do evangelho de Jesus Cristo pode ser compartilhada, transmitida e recebida por meio de todos os tipos de dispositivos portáteis. Mas precisamos ser seletivos nas mensagens que escolhemos receber. É vital para nosso bem-estar espiritual que não consumamos tanto de nosso tempo recebendo boas mensagens, ou até mensagens muito boas, a ponto de nos tornarmos indisponíveis para receber as mensagens excelentes (ver Dallin H. Oaks, “Bom, muito bom, excelente“, Liahona, novembro de 2007, p. 104).

Assim como eu não poderia obrigar uma daquelas cartas de correio aéreo de minha mãe a aparecer todas as manhãs na hora do café da manhã, não podemos forçar mensagens de nosso lar eterno. O Senhor decide quando, onde, como e o que comunicar a nós. É verdade que “qualquer que pede, recebe; e quem busca, acha” (Lucas 11:10), mas devemos lembrar e nos animar com o fato de que “será em seu próprio tempo e a seu próprio modo e de acordo com sua própria vontade” (D&C 88:68). Não podemos exigir mensagens do Senhor. Precisamos esperar por Ele. Mas, mesmo enquanto esperamos por Ele, continuamos a buscá-Lo e a persistir em nossas petições.

O élder Neal A. Maxwell ensinou:

A revelação não acontece apertando botões, mas esforçando-nos, frequentemente, com o auxílio do jejum, do estudo das escrituras e da reflexão pessoal.

A revelação exige que tenhamos um nível suficientemente elevado de dignidade pessoal, portanto, de vez em quando, a revelação pode chegar ao justo sem que tenha sido solicitada. [“Revelation,” First Worldwide Leadership Training Meeting, 11 January 2003 (Salt Lake City: The Church of Jesus Christ of Latter-day Saints, 2003), 5.]

Recentemente, houve lembranças da era de ouro dos voos espaciais tripulados, particularmente das missões Apollo à Lua nos anos 60. Essas missões foram façanhas incríveis da ciência e da engenharia. Os tripulantes eram os mais brilhantes e capazes de sua classe, lançados ao espaço a bordo do foguete Saturno V, ainda hoje a máquina mais poderosa já feita pelo homem. Antes que eles pudessem pousar na Lua, no entanto, sua nave espacial precisava ser desacelerada para entrar na órbita lunar. Isso significava fazer algo que – como em grande parte desse empreendimento – nunca havia sido feito antes: viajar pelo lado oculto, ou o chamado lado escuro, da Lua.

Durante todo o caminho até lá, a tripulação conseguiu manter contato constante de rádio com a central de controle da missão em Houston. Mas, ao darem a volta pelo lado oculto da Lua, a comunicação seria perdida, já que a Lua ficaria literalmente entre a nave espacial e a Terra. Toda a ciência, toda a engenharia e toda a inteligência coletiva dos praticantes mais talentosos e dedicados dessa empreitada inovadora não tinham sido capazes de encontrar uma maneira de se comunicar enquanto ficavam no lado escuro da Lua. Assim, durante 45 minutos angustiantes, toda a comunicação com a tripulação foi perdida. Tudo o que podiam fazer na central de controle da missão em Houston era esperar e torcer, esperar e orar enquanto cada um daqueles 45 minutos passavam lentamente e com tensão. E se surgisse um problema e houvesse algum tipo de mau funcionamento? Como o controle da missão saberia, e como eles poderiam ajudar?

Enfim, a nave espacial emergiu do lado oculto da Lua, o sinal de rádio foi restabelecido e o controle de missão deve ter explodido em gritos de alívio e alegria quando a segurança da tripulação foi confirmada.

Isso também pode acontecer facilmente conosco. Assim como esses astronautas, podemos ser extremamente brilhantes, capazes e talentosos à nossa própria maneira — almejando a Lua. Podemos ter tido experiências extraordinárias de aprendizado e recebido oportunidades notáveis de crescimento em nossa vida. Talvez tenhamos recebido ensino e treinamento excepcionais de pais, professores, presidentes de missão e líderes e tenhamos chegado longe e aprendido muito. Talvez tenhamos tido vislumbres de nosso potencial eterno e de nossa missão aqui na Terra, nesta fase mortal de nossa existência. Mas, para continuarmos em nosso progresso no curso que o Senhor deseja que estabeleçamos, e a fim de voltarmos em segurança ao nosso lar eterno, precisamos permanecer em comunicação constante com Ele.Se erguermos barreiras entre nós e a fonte dessa comunicação essencial — a revelação de nosso Pai Celestial —, não conseguiremos receber as mensagens de orientação que precisamos Dele.

Surgirão problemas e mau funcionamento à medida que nossa vida mortal seguir seu curso natural. Quando isso acontecer, será que descobriremos que nos isolamos da única fonte verdadeira de orientação e direção?

Neste Dia dos Namorados, vamos examinar a condição de nosso coração e como estamos recebendo mensagens de amor, orientação, correção e revelação de nosso Pai, o grande Deus e Criador deste universo. Quais barreiras colocamos entre nós e o Senhor? Será que às vezes nos colocamos figurativamente no lado escuro da Lua, onde não podemos ouvir o controle da missão?

Existem muitas condições em nosso coração que podem afetar nossa capacidade de sintonizar e receber as mensagens de nosso Pai Celestial. Abordarei apenas três:

  • Nosso coração pode estar sobrecarregado pelas preocupações da vida cotidiana e pelo clamor do mundo.
  • Nosso coração pode estar endurecido pelo pecado ou pela indignidade.
  • Nosso coração pode estar desnutrido por uma dieta digital pobre.

Primeiro: Nosso coração pode estar sobrecarregado pelas preocupações da vida cotidiana e pelo clamor do mundo

Talvez não tenhamos a intenção de fazê-lo, talvez nem saibamos que o estamos fazendo, mas ocasionalmente podemos nos colocar no lado escuro da Lua quando nosso coração se torna sobrecarregado pelas preocupações, pressões, irritações e prazos da vida diária. Talvez não estejamos enfrentando nada muito incomum ou passando por um desafio particularmente difícil, mas nosso coração pode ficar bloqueado para a paz e o consolo que o Senhor quer nos dar simplesmente por estarmos muito perturbados e preocupados. Quando ficamos acordados até tarde e trabalhamos muito para atender às nossas demandas diárias, a exaustão se instala e ficamos cansados demais e então o mundo nos parece um lugar muito mais sombrio; as coisas ficam fora de perspectiva e de proporção. Há redações para escrever, exames para fazer, pesquisas para realizar, trabalhos para cumprir e, talvez, crianças para cuidar. Haverá preocupações financeiras, preocupações familiares e perguntas da alma sobre onde ir ou o que fazer quando esta fase da vida terminar. E neste dia dos namorados, como posso não me referir às preocupações com os encontros, ou a falta deles; preocupações sobre noivar ou não; ou até o desejo de ter essa oportunidade.

Talvez nem percebam o quanto o barulho e a agitação do mundo ao seu redor afetam como vocês se sentem e alteram sua capacidade de ouvir e receber as mensagens que o Pai Eterno tem para vocês.

Quando se sentem exaustos e sobrecarregados, parece impossível encontrar uma maneira ou um momento para diminuir o ritmo, encontrar um espaço calmo e se aproximar do Pai Celestial. Apenas a mera sugestão de que vocês devem tirar algum tempo do seu dia já sobrecarregado aumenta a sensação de pressão que sentem. Vocês podem duvidar que escolher ter momentos de tranquilidade realmente renderá benefícios suficientes e, portanto, pensar que seu tempo seria melhor utilizado com outra coisa. No entanto, é neste momento que os problemas podem surgir e pequenas falhas podem se transformar em grandes desastres.

O presidente Boyd K. Packer ensina uma verdade vital a respeito de nosso coração estar sobrecarregado pelos cuidados e clamores da vida diária. Ele diz:

O Espírito não chama nossa atenção gritando conosco ou sacudindo-nos com brutalidade. Ele sussurra. Ele nos afaga tão gentilmente que, se estivermos preocupados com alguma coisa, talvez não sintamos nada.

De vez em quando, Ele nos chamará com suficiente firmeza para que prestemos atenção. Mas na maioria das vezes, se não prestarmos atenção ao delicado sentimento, o Espírito vai Se retirar e esperar que O busquemos e O ouçamos (“A busca do conhecimento espiritual“, Liahona, janeiro de 2007; grifo do autor).

Cada um de nós precisa encontrar e depois reservar um tempo todos os dias para se lembrar destas palavras do Senhor: “Toda carne está em minhas mãos; aquietai-vos e sabei que eu sou Deus” (D&C 101:16; grifo do autor). Um momento de tranquilidade em que podemos estar calmos, quietos, e longe da correria de nossas vidas vai ajudar a reorientar-nos, refocalizar as nossas prioridades, e nos trazer de volta a uma posição onde podemos receber e sentir as mensagens que nosso Pai Celestial deseja nos enviar. Lembrem-se, se nosso coração estiver preocupado, talvez não sejamos capazes de sentir as mensagens do Pai. Sua voz “não [é] uma voz áspera nem uma voz forte; entretanto, (…) [sendo] uma voz mansa, [penetra-lhes] até o âmago, (…) [penetra-lhes] na própria alma e [faz-lhes] arder o coração” (3 Néfi 11:3). Quando nos preparamos e damos um passo de fé para colocá-Lo em primeiro lugar (e por que não em primeiro lugar?) em algum momento de nossos dias, encontramos paz mesmo em meio a uma agenda agitada. Mas temos que escolher fazer com que isso aconteça colocando-O em primeiro lugar.

Segundo: Nosso coração pode ser endurecido pelo pecado ou pela indignidade

Não há dúvida de que corações que carregam pecado e indignidade colocam barreiras entre eles mesmos e Deus. Às vezes um coração pode carregar o pecado por tanto tempo que torna-se insensível às coisas espirituais e torna-se incapaz de receber e sentir as mensagens do Senhor. Se há algo que vocês carregam no coração hoje que está bloqueando vocês — em qualquer grau — de realmente se conectar com seu Pai Celestial e sentir o amor Dele e o plano que Ele tem para vocês, decidam agora consertá-lo, deixá-lo para trás, renunciá-lo ou jogá-lo fora. O coração se endurece pela indignidade, especialmente quando continuamos a viver como se essa indignidade não existisse de fato. Isso se agrava e se complica quando tomamos o sacramento ou participamos de outras ordenanças como se nosso coração estivesse limpo quando, na verdade, não está.

Néfi ensina uma bela verdade quando ele diz:

O Senhor não trabalha em trevas.

Ele nada faz que não seja em benefício do mundo; porque ama o mundo a ponto de entregar sua própria vida para atrair a si todos os homens. [2 Néfi 26:23–24; grifo do autor.]

No espírito daquele carinhoso e terno lembrete de que Ele nada faz que não seja para nosso benefício e que Ele entregou Sua vida para atrair a Si todos nós, o próprio Salvador diz:

Portanto, dou-lhes um mandamento que diz assim: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de todo o teu poder, mente e força; e em nome de Jesus Cristo servi-lo-ás. [D&C 59:5]

O que os impede de dar a Ele todo o seu coração, toda a sua mente e toda a sua força?

Deixem que seu coração sinta a realidade dos ensinamentos de Leí sobre seu Salvador, que ama e perdoa tão perfeitamente: “Eis que ele se oferece em sacrifício pelo pecado, cumprindo, assim, todos os requisitos da lei para todos os quebrantados de coração e contritos de espírito” (2 Néfi 2:7). Ele Se ofereceu como sacrifício por vocês, e Seu sofrimento pode cumprir os requisitos da lei para vocês. “Eis que aquele que se arrependeu de seus pecados é perdoado e eu, o Senhor, deles não mais me lembro” (D&C 58:42). Não podemos ouvir esta promessa o suficiente.

Essas escrituras, e muitas outras, podem dar-lhes a força e a determinação para agir, mudar, arrepender-se e oferecer ao Senhor seu coração quebrantado e espírito contrito. Ele ofereceu a Sua vida por vocês. Vocês podem oferecer em troca o seu coração.

“Eu, o Senhor, exijo o coração dos filhos dos homens” (D&C 64:22).

Terceiro: Nosso coração pode estar desnutrido por uma dieta digital pobre

É possível que estejamos sofrendo em várias áreas de nossas vidas, sem percebermos, devido a uma dieta digital pobre. Como acontece com muitas coisas na vida, o que consumimos é uma escolha, então não se surpreendam que, se vocês gastarem muito de seu tempo consumindo um tipo de mensagem, vocês se tornam afetados e influenciados por ela. Passar grande parte de nosso tempo com as mídias sociais, notícias de celebridades ou entretenimento, jogos e busca de atividades na Internet que exigem muito da nossa atenção constitui uma dieta digital pobre. Quando escolhemos consumir as atitudes e opiniões dos meios de comunicação em massa, descobriremos que nossos próprios valores e pontos de vista seguem o mesmo caminho, e, na maioria das vezes, nem percebemos que isso está acontecendo. Dizemos a nós mesmos que não estamos sendo afetados por essas mensagens, mas isso não é possível.

O Élder David A. Bednar fez estas perguntas:

1. O uso das diversas tecnologias e meios de comunicação convida ou impede que vocês tenham a companhia constante do Espírito Santo em sua vida?

2. O tempo que vocês passam usando as diversas tecnologias e meios de comunicação amplia ou restringe sua capacidade de viver, amar e servir de modo significativo? [“As coisas como realmente são“, Liahona, Junho de 2010].

Muitas vezes sabemos o que precisamos mudar em nossa dieta digital, mas não o fazemos. Dizemos que vamos começar amanhã (as dietas não começam sempre “amanhã”?), mas há pouco valor em dizer isso. A hora de agir é agora. Caso contrário, estamos presos em nosso próprio comportamento e falta de coragem para mudá-lo.

Também precisamos estar cientes de que muitas das mensagens de hoje na mídia podem nos fazer duvidar de nossa fé, comprometer nossas convicções e ver o mundo com olhos cínicos. Mas, podemos desviar mensagens enganadoras e manter nossa fé intacta, se estivermos conectados através de uma corrente vibrante e contínua à fonte da verdade, à fonte de luz. Se tivermos perguntas ou dúvidas, nós obtemos nossas respostas do Pai e Criador deste universo por meio dos delicados e preciosos canais de revelação que funcionam quando removemos todas as barreiras de nosso coração. Nós escolhemos “confiar em Deus para que [vivamos]” (Alma 37:47).

Amo o que o Presidente Boyd K. Packer ensinou. Ele disse: “Não somos obedientes porque somos cegos, somos obedientes porque podemos ver” (“Agency and Control,” [Arbítrio e controle] Ensign, maio de 1983, 66; grifo do autor).

Recentemente, recebi um lembrete para ter cuidado com minha própria dieta digital quando, um dia, fui consumido por uma determinada série de notícias. Tive a sensação de que havia passado tempo demais nisso, mas foi somente mais tarde quando peguei um livro do Élder Dallin H. Oaks e li alguns capítulos que me dei conta do contraste. A diferença entre os sentimentos que tive foi como o contraste entre a noite e o dia. As notícias com as quais eu tinha sido tão consumido me deixaram inquieto e desconfortável, enquanto o livro me trouxe paz e um senso de ordem e calma. Esta parece ser uma lição que precisamos aprender várias vezes.

O élder Neal A. Maxwell ensinou:

Não importa se o mundo não entende ou até zomba desse processo sagrado [de revelação]. Paulo disse: “O homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porquanto se discernem espiritualmente” (1 Coríntios 2:14). [“Revelation”, p. 5]

Conclusão

Acreditamos que existimos para que tenhamos alegria (ver 2 Néfi 2:25), e isso significa alegria aqui e agora — hoje! — assim como na eternidade. No entanto, é difícil sentirmos alegria quando fazemos escolhas que bloqueiam as mensagens que nos trazem essa alegria.

Ao examinar a condição de seu coração e as barreiras que talvez estejam usando para bloquear sua comunicação com Deus, vocês saberão o que precisam fazer. Saberão o que precisam mudar. Convido-os a agir agora. Sejam ousados na escolha de remover qualquer coisa que obstrui as mensagens doces, reconfortantes, e orientadoras de amor do seu Pai Celestial.

A mensagem mais importante que qualquer um de nós poderia receber ou guardar é uma lembrança de quem somos e como somos amados por nosso Pai Eterno e Seu Filho, Jesus Cristo. Quando a verdade e a realidade dessa mensagem penetram profundamente em nosso coração, não podemos permanecer no lado escuro da Lua. Somos atraídos de volta a Eles — de volta ao Seu amor, de volta à Sua luz e de volta aos Seus braços.

O Presidente Dieter F. Uchtdorf declarou fervorosamente:

Irmãos e irmãs, o Ser mais poderoso do Universo é o Pai de seu espírito. Ele os conhece. Ele os ama com um amor perfeito.

(…) Ele quer que vocês saibam que vocês são importante para Ele. (“Você é importante para Deus“, Liahona, novembro de 2011, p. 22; grifo do autor.)

Meu testemunho a vocês hoje é que seu Pai Eterno que está no céu é real. Ele vive, e Ele os ama, os adora, e os trata com carinho — cada um de vocês, especialmente aqueles de vocês que talvez estejam pensando, “Isso não é para mim”. Especialmente aqueles de vocês que talvez estejam pensando: “Isso não é para mim”. Ele especialmente os ama.

Jesus Cristo é Seu Filho, Sua dádiva para todos nós, o Salvador de toda a humanidade.

Concluo com as palavras do presidente Thomas S. Monson:

Lembrem-se de que alguém, com autoridade, impôs as mãos sobre sua cabeça no momento de sua confirmação e disse: “Recebe o Espírito Santo”. Abram o coração e sua própria alma ao som daquela voz especial que testifica da verdade. Como o profeta Isaías prometeu: “E os teus ouvidos ouvirão a palavra (…) dizendo: Este é o caminho, andai nele” (Isaías 30:21). [“Sê o exemplo“, Liahona, maio de 2005, p. 113; grifo do autor.]

No nome sagrado de Jesus Cristo. Amém.

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Patrick Kearon

Patrick Kearon era membro do Primeiro Quórum dos Setenta de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, quando deu este discurso na BYU em 14 de fevereiro de 2012.

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